"... faltam-me as vísceras de fora quando as palavras se deixam antever. " in Memórias Internadas

15.11.11

personagens em fuga


espero


[ livre
de Quibir ]
e junto à poltrona
amanso dragões com nuvéns
nevoeiro com flores
pétalas com passáros
rebentando olhos na boca
todos aos pares

espero


[ embutido
na brecha ]
e escrevo com flores caídas
nas núvens do mar
enquanto pássaros implodem
[ pedaços inocentes ]
arrancados a dente da garganta de Munch


espero


[ pelos gritos das personagens em fuga ]

mundos e portas



Malditos poetas, mau caminho na terra e no mundo que gosta de alcatrão, novo, laboratorial, sem base fóssil. O mundo tem mundos e portas dentro da porta do mundo, e as raparigas perguntam as respostas sem espelhos ou espelhos das portas no mundo da porta que a rapariga abre, antes da porta, no mundo do espelho apagado na porta de outro espelho... que poeta pode ser o que uma rapariga precisa do mundo? A porta - nada mais - sem espelho, luz ou sombra caída, quando a rapariga não vê a poesia e pergunta ao poema onde está o poeta;

em que bolso escondes a chave?

malditos poemas com poetas dentro, horas deixadas no espelho embaciado, sem estrela ou significante aparentemente plausível, ruminados e mesmo assim mundo para porta com portas e mundos dentro.

11.11.11

se eu pudesse matava o mundo
e incomodava-te com um novo
restante do desejo, se desejo significar
o mundo que não morre nas flores que o mar planta no jardim.

4.11.11

os deuses enlouqueceram por um deus

















os deuses enlouqueceram por um deus
loucos perigosamente deuses

os loucos devem ser loucos

sem deuses nem deus

deus normalmente louco

enfartou-se  em nome dos deuses