.
Pressinto o fio da navalha
em movimentos pendulares descendentes
a retalhar a exangue
bomba sentimental
Nada se prende em infame ausência
o sangue iniciador da carne
o espelho originário da forma
nem a palavra pai
À inevitável queda do sol
juntam-se as sombras
memórias inacabadas em tempo doentio
.
"... faltam-me as vísceras de fora quando as palavras se deixam antever. " in Memórias Internadas
17.7.09
6.7.09
.
Onde o dia nasce muito cedo
abraçámos o mesmo oceano
na parte do canal orlado de areia quente
e coqueiros paraíso que nos deixava estar
Sentimos o odor forte depois das chuvas
terra e capim aquecidos pelo sol
Não encontrei ainda o incenso certo
Quando chove procuro-o louco de nariz no ar
encontraste?
Tento enganar a memória
fecho os olhos não consigo lá chegar
Nunca mais ouvi a palavra macua
tamboradas funebres soarem das árvores
marrabenta ritmar os corpos suados
chiii minino
Nunca mais senti feijão-macaco
estetado na pele
pêlo de saguim no meu colo
e os amendoins de reserva nas bochechas
a cacimba da manhã
Nunca mais vi terra tão compacta
erguida por por formigas
pessoas da ilha a deixar em repouso
cinzas e flores sobre o mar
feira de domingo em frente de uma catedral
Nunca mais comi farinha de mandioca cozinhada
com peixe seco a que me fazia convidado
coco fresco ralado por um ferro rendilhado
na ponta de um banco
depois de lhe beber a água fresca
A norte deixei a parte da vida
que dizem e sei ser a essência
de quando a inocência nos vai sendo roubada
Mas tinha que estar tão longe
e não conseguir voltar?
Fecho os olhos as memórias fecham
cansado de ausências
Nunca mais fui livre em paisagem infinita
Em que parte abraçaste o Índico?
.
Onde o dia nasce muito cedo
abraçámos o mesmo oceano
na parte do canal orlado de areia quente
e coqueiros paraíso que nos deixava estar
Sentimos o odor forte depois das chuvas
terra e capim aquecidos pelo sol
Não encontrei ainda o incenso certo
Quando chove procuro-o louco de nariz no ar
encontraste?
Tento enganar a memória
fecho os olhos não consigo lá chegar
Nunca mais ouvi a palavra macua
tamboradas funebres soarem das árvores
marrabenta ritmar os corpos suados
chiii minino
Nunca mais senti feijão-macaco
estetado na pele
pêlo de saguim no meu colo
e os amendoins de reserva nas bochechas
a cacimba da manhã
Nunca mais vi terra tão compacta
erguida por por formigas
pessoas da ilha a deixar em repouso
cinzas e flores sobre o mar
feira de domingo em frente de uma catedral
Nunca mais comi farinha de mandioca cozinhada
com peixe seco a que me fazia convidado
coco fresco ralado por um ferro rendilhado
na ponta de um banco
depois de lhe beber a água fresca
A norte deixei a parte da vida
que dizem e sei ser a essência
de quando a inocência nos vai sendo roubada
Mas tinha que estar tão longe
e não conseguir voltar?
Fecho os olhos as memórias fecham
cansado de ausências
Nunca mais fui livre em paisagem infinita
Em que parte abraçaste o Índico?
.
Subscrever:
Mensagens (Atom)