"... faltam-me as vísceras de fora quando as palavras se deixam antever. " in Memórias Internadas

21.5.09

deus-não-deus


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Vejo, a ritualização da imagem santa rumo aos braços do cristo-rei, pétreo filho, em missa junto à borda terrena do rio, mãos juntas e olhos na miséria pululante oportunamente servidora de inchados dogmáticos. Desconfio, que deus utilizado não está ali, zangado com uns e outros, por terem abandonado o exemplo da sua mão biológica. Se ali estivesse, jesus, filho de deus e da imaculada, virava os ministérios da praça a que chamam comércio, acompanhado pelos que não estão onde vejo chorar lágrimas secantes, quando o conforto do ordenado chega a meio do mês seguinte, depois dos cremes e gravatas. Esquecem que a maior parte sobrevive como eles agora sentem a vida.
Falta-lhes, talvez, a vivência de um não-deus, o outro, próximo da pele, junto aos olhos, ouvir o bater da essência da vida, reconhecer que uma sincronia pode ser ritmo e arritmo eternamente válidos. Assim, quando somos abalados pelo que aos outros não reconhecíamos, o peso da avassaladora onda, possa ser atenuado pelo que sabemos e pelo outro, não-deus.
Falta-nos acreditar, que podemos ser insuflados por lábios carnudos como na boca de um trompete em permanente jam session
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