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A construção implicava um silêncio e um sono em que a origem se mantivesse envolta no pólen da sua inocência nativa. Sem veemência e sem precipitações, o construtor iria colocando as pedras ao ritmo da respiração e acariciando os ângulos que iria entrevendo como se estivesse a modelar um rosto de uma fragilidade extrema. No interior de um corpo vivo, que seria tanto seu como de um outro, a luz do horizonte iluminaria a penumbra da indizível sede e daria à sua casa o flexível equilíbrio de uma construção aberta à insondável germinação da terra.
O Aprendiz Secreto
António Ramos Rosa
UMA EXISTÊNCIA DE PAPEL - quasi - 2001
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